Médico gaúcho … e macho
Publicado em 13 de fevereiro de 2014 por Luiz Sergio
Excelentíssima Sra. Presidente da República Dilma Rousseff,
permita-me a apresentação: na minha opinião, eu sou um medico; na tua,
um “trabalhador da saúde”.
Na minha opinião, medicina é cuidar de pessoas doentes, na tua é fazer “transformação social”.
Eu penso em salvar vidas, a senhora pensa em ganhar votos. Como
podemos ver, a senhora e eu, não temos muito em comum à primeira vista,
mas existem na minha vida alguns fatos que a senhora desconhece. Assim
como a senhora, eu já fui marxista – e dos fanáticos!
Brigava com colegas da faculdade no final dos 80 e início dos anos 90
para ver seu projeto de poder realizado. Caminhei ao lado daquele seu
amigo que gosta de uma cachacinha e costuma ser fotografado com livros
de cabeça para baixo. Conversei pessoalmente com o “poeta do sêmen
derramado” que agora governa o Rio Grande do Sul.
Não tinha ideia correta daquilo que havia acontecido no Brasil entre
1964 e 1985. Imaginava, como a senhora quer fazer parecer até hoje, que
tudo estava indo bem até que militares malvados que não tinham nada para
fazer decidiram, com ajuda dos americanos, derrubar o governo
brasileiro.
Eu só me dei conta, presidente, de quem Lula, a senhora e seu partido
religião representavam quando comecei a trabalhar com a gente de vocês
aqui em Porto Alegre a partir de 98.
Duvido que eu estivesse mal preparado, sabe? Eu já tinha feito 6 anos
de faculdade, um ano de residência em pediatria, um de medicina interna
e dois de cardiologia.
Gostaria que a senhora visse em que lugar seus “cumpanheros” aqui dos
pampas me colocaram para trabalhar… Imagino a senhora doente naquelas
condições de segurança, higiene, espaço e administração que a ralé do PT
do Rio Grande do Sul nos ofereceu.
A senhora tem ideia de como deve se sentir um médico ao ter seu estágio probatório avaliado por técnicos de enfermagem?
A Senhora sabe o que é receber, depois de tudo que se estudou na vida, ordens de enfermeiras, presidente? Em nome de quê?
Em nome de um delírio chamado “democratização da gestão”? Em nome de um absurdo chamado “controle social”?
A senhora tem alguma noção de quantas pessoas eu vi morrerem depois
que esse seu partido de assassinos e mensaleiros terminaram com o resto
da rede hospitalar brasileira “aparelhando” a gestão dela com uma legião
de analfabetos, recalcados, alcoólatras e incompetentes, que por
oferecer uma parte de seu salário ao PT, passaram a dar ordens a homens e
mulheres com capacidade de salvar vidas?
Mas por favor, não fique ofendida comigo, presidente, de certa forma
essa carta é um agradecimento, sabe? Formado há quase 20 anos, eu nunca
havia visto os médicos brasileiros tão unidos quanto agora. É mais um
mérito seu e desse seu partido: promover a maior humilhação que os
médicos de um país sofreram até hoje!
A senhora não tem vergonha de apelar para uma ditadura bananeira, um
país que mata, tortura, prende e vigia seus próprios cidadãos, para
fornecer médicos para o SEU próprio povo? A senhora é brasileira, ou
não, presidente Dilma? Se não tem vergonha da medicina do seu país,
tenha pelo menos do seu povo!
A senhora nasceu aqui e a primeira pessoa que lhe viu foi
provavelmente um médico do Brasil. Provavelmente vai ser algum colega,
intensivista como sou hoje, quem vai estar ao seu lado no último momento
e mesmo assim a senhora quer chamar médicos cubanos para enganar nossa
gente pobre e doente a ponto de garantir sua reeleição? Quem lhe deu
esse conselho, presidente Dilma? Identifique por favor, um por um, os
médicos que lhe cercam e sugeriram semelhante ideia! A senhora e eu já
conhecemos alguns, não é? Vamos apresentar os demais ao Conselho Federal
de Medicina, ou não?
Presidente Dilma, até bandidos e prostitutas se ofendem quando tem
seu território e ganha pão ameaçados. Nós somos médicos, nós salvamos
vidas e não vamos permitir que uma profissão cuja origem se perde no
tempo seja levada ao fundo do poço por um partido como o da senhora com o
argumento de que estamos sendo corporativistas e o Brasil está sem
médicos.
Deus lhe proteja na batalha que vai enfrentar conosco, presidente. Se
a senhora for ferida vai precisar ser atendida por um médico – e eu
duvido muito que ele fale português.
Porto Alegre
Milton Simon Pires é médico (CREMERS 20.958)